domingo, 12 de dezembro de 2010

[Resumos] Resumo dos textos de modelos didáticos aplicados à biologia

No primeiro artigo, com o título: Modelos didáticos no discurso de professores de Ciências, Gislene Margareth Avelar Guimarães, Agustina Rosa Echeverria e Itamar José Moraes apresentam os resultados de um estudo realizado junto aos professores de Ciências da rede pública municipal de Goiânia. Os autores relatam que ciência e tecnologia dominaram nossas vidas e que não se pode privar uma população de conhecimento científico, deixando-o só nas mãos de quem detêm o poder e negligenciando a própria cidadania. Entretanto, estudos explicitam a falta de motivação atual de nossas crianças pelas ciências, em virtude da precária qualidade do ensino e má formação dos professores, os quais são responsáveis por promover mudança significativa na educação escolar. Numa perspectiva histórica, pesquisas demonstram que o ensino de Ciências passou por determinadas configurações: os modelos fundamentados numa perspectiva de transmissão/ recepção, a partir da concepção indutivista/empirista da ciência como verdade absoluta, estão superados do ponto de vista epistemológico e pedagógico, pelo menos na teoria e os modelos com base construtivista, tanto da perspectiva da ciência como da aprendizagem, identificam-se vertentes diferenciadas. Assim, pesquisas diversas buscam compreender os processos pedagógicos no ensino de ciências, focando na aprendizagem ou no ensino, no professor ou no aluno, nas práticas ou nas ideias. Neste artigo, buscou-se identificar os modelos didáticos subjacentes ás ideias dos professores sobre ensino/ aprendizagem, na perspectiva de delinear o perfil do ensino de Ciências na rede municipal, que desde 1988 passou por um processo de reestruturação curricular do ensino fundamental, com a implantação dos ciclos de formação. O conceito de modelo didático como referencial teórico de análise foi desenvolvido por Pórlan, que afirma que modelos são construções teóricas que nos possibilitam uma aproximação mais sistemática do objeto de estudo, e dessa forma, da sua compreensão. Para isso, devemos estar cientes de que é artificial tentar enquadrar processos educacionais em “modelos”, uma vez que sua complexidade não permite enquadramentos estáticos e por estarem impregnados de um forte componente ambiental. Contudo, é importante destacar que a análise das concepções de um conjunto de professores e a caracterização do modelo didático predominante em seu discurso, permite levantar questionamentos sobre o seu desenvolvimento profissional e as possíveis práticas pedagógicas. Existem quatro tipos gerais de modelos didáticos e de perfis profissionais: tradicional, ensino enciclopédico, hierarquizado, fragmentado e memorização. Tecnológico, saberes disciplinares agregados a problemas ambientais, sem considerar os interesses ou concepções do aluno, cabendo ao professor a manutenção da ordem e exposição dos conteúdos, o que se propõe é a eficiência do ensino. Espontaneísta-ativista, o centro do processo de ensino-aprendizagem é deslocado para o aluno, o professor é líder afetivo e social e não mais transmissor do conhecimento. Por fim, o modelo didático de investigação na escola, com a finalidade educativa de enriquecer o conhecimento do aluno, numa direção que conduza para uma visão complexa e crítica da realidade. Contudo, fica evidente, no presente artigo, a presença de divergentes orientações didáticas resultantes de diferentes concepções de educação escolar que permeiam o pensamento dos professores. Pode-se afirmar que não existe um modelo didático predominante. Observa-se a composição de um modelo eclético, que sugere um momento de transição das concepções dos professores sobre educação e o ensino de ciências e uma possibilidade de evolução no seu desenvolvimento profissional, constituindo-se em espaço de reflexão sobre a finalidade da educação e sobre as práticas cotidianas em sala de aula.

No segundo artigo analisado, intitulado “Imagens 3D virtuais no ensino de Ciências: reconstrução de um modelo analógico do olho humano em aplicativo multimídia”( Welerson R.Morais-CEFET-MG e Ronaldo L.Nagem-CEFET-MG), teve como objetivo reconstruir modelos didáticos virtuais bidimensionais(3D) do olho humano em um aplicativo multimídia e constrastá-los com modelos bidimensionais(2D) e textos de livros didáticos em um estudo comparativo para verificar se o modelo 3D virtual seria viável como modelo didático. As imagens virtuais demonstram a forma como o ser humano se relaciona com o mundo e quando chegam até a escola, passam a representar os fenômenos da natureza, servindo para facilitar o entendimento de conceitos científicos, superando o texto escrito como forma de comunicação. O presente artigo destaca a possibilidade de interação entre homem e máquina para a construção de uma nova aptidão tanto em professores quanto em alunos, da aprendizagem e manipulação de uma nova mídia como recurso didático, frente às inovações tecnológicas experimentadas pela sociedade atual. O artigo demonstrou ainda que o modelo 3D forneceu um melhor aprendizado para os alunos pela capacidade singular de representar tão bem os fenômenos naturais, algo extraordinário para a ciência e a educação.

O terceiro artigo “Planejamento, montagem e aplicação de modelos didáticos para a abordagem de biologia celular e molecular no ensino médio por graduandos de ciências biológicas”, publicado na Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e Biologia molecular, relata o processo de construção e aplicação de sete modelos de baixo custo na área de biologia celular e molecular, aos estudantes do ensino médio de baixa renda, como material de apoio. Esse trabalho foi desenvolvido por alunos do curso de ciências biológicas da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG). A construção de modelos didáticos facilita a aprendizagem dos conteúdos bastante abstratos e de aspectos microscópicos comuns em livros didáticos utilizados por alunos do ensino médio, os quais não dispõem de recursos como laboratórios, restritos aos colégios particulares, o que compromete o ensino de determinadas disciplinas. Os modelos elaborados foram escolhidos a partir da descoberta das principais dificuldades desenvolvidas pelos alunos do ensino médio de uma determinada escola da região de Alfenas, como a dificuldade em conceituar célula e vírus, por exemplo. A finalidade da montagem dos modelos próprios estudantes é que ele aprenda a seqüência em que ocorre cada etapa dos mecanismos relacionados com a Biologia celular e Molecular dos tópicos envolvidos e a visualização em terceira dimensão ajuda a melhorar esse entendimento. Foi diagnosticada pelos graduandos a falta de bagagem básica, necessária para a compreensão dos assuntos dos alunos do ensino médio. Isso reforça ainda mais a construção de modelos didáticos que despertem nos alunos a curiosidade sobre determinados assuntos, sendo que as atividades lúdicas e mais participativas colaboram para incentivar e trazer os conteúdos de Biologia mais próximos à realidade do estudante, o que contribui para a educação. Por fim, relatos dos estudantes da graduação denotam que a aplicação dos modelos didáticos foi eficiente tanto na fixação das teorias básicas quanto no aumento do interesse dos estudantes pela matéria, consistindo uma estratégia alternativa interessante para aplicação tanto no ensino médio como no desenvolvimento das habilidades do professor em formação.

O quarto artigo intitulado “Desenvolvimento de modelos didáticos para o ensino de desenho mecânico utilizando o conceito de prototipagem rápida” (Antônio E.M. Pertence, Daniel M.C. Santos e Helton Vilela jardim) refere-se que modelos didáticos tridimensionais vêm sendo cada vez mais aplicados ao ensino de graduação nas áreas de desenho mecânico devido às deficiências em habilidades mecânicas da inteligência espacial relatados por estudantes de desenho mecânico. Pois, alguém que deseje fazer engenharia deve aprender a linguagem do espaço e a pensar no meio espacial, deve desenvolver a inteligência espacial. Nesse sentido, o artigo apresenta a ideia de desenvolvimento e uso de modelos didáticos através do conceito de prototipagem rápida que poderá gerar avanços significativos na geração de habilidades dessa inteligência. Utilizou-se modelos tridimensionais didáticos fabricados em alumínio e nylon, resultando em sólidos tridimensionais em lugar de desenho tridimensional ou isodiamétrico. Esse modelo foi bem aceito entre os discentes e os resultados obtidos após avaliação da aprendizagem foram considerados satisfatórios, uma vez que a capacidade de interpretação geométrica espacial foi muito melhor do que em turmas convencionais nas quais se utilizaram técnicas clássicas de aprendizagem.

De tudo pode-se concluir que a utilização de modelos didáticos é de suma importância para aumentar a qualidade da educação do país, contribui em grande escala para o processo de construção do conhecimento, melhorando o processo ensino-aprendizagem, colabora para aumentar a qualificação docente e, sobretudo, privilegia a criatividade dos indivíduos criadores desses modelos, que buscam sanar as principais dificuldades de entendimento de determinados conteúdos dos alunos que tem poucos recursos para aprendizagem. Sem dúvida nenhuma, a construção dos modelos didáticos contribuirá para uma ruptura epistemológica dos padrões tradicionais da educação contemporânea.


(por Fernanda)

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